Texto de estreia é sempre uma responsabilidade somada à expectativa de encantar os leitores, que podem (ou não) tornar-se expectadores assíduos.
Em minha busca pelo tema ideal me dei conta de que nada poderia ser mais encantador do que o ato de aprender! Reflita por alguns minutos e provavelmente chegará à conclusão de que vários momentos importantes de sua vida são ou foram fruto de aprendizado: seus primeiros passos e palavras, o momento em que começou a ler e escrever, a aprovação no exame de direção, a promoção ou demissão daquele emprego, o início ou término daquele relacionamento, o nascimento ou a perda de alguém.
Todas estas situações, embora desafiadoras, são permeadas por aprendizados e ensinamentos que só ocorrem porque estamos ali para vivenciá-las. Mas será que aproveitamos estes momentos e aproveitaremos os que estão por vir para nos tornarmos mais experientes e perspicazes? Mais que isso: será que aprendemos a aprender?
Em minha trajetória como educadora já li diversas citações sobre o relatório “Educação: um tesouro a descobrir”, elaborado por Jacques Delors para a Unesco em 1999 e reeditado em 2012.
No documento, a competência de “aprender a aprender” é apresentada como um dos pilares para a educação do século XXI. Vou além e afirmo que esta é uma competência fundamental para a vida em sociedade.
“Aprender a aprender” ou “aprender a conhecer” é a habilidade de descobrir, construir e reconstruir o saber em uma relação prazerosa com o conhecimento. Realizando uma interface com Paulo Freire, esta habilidade requer constante “ação-reflexão-ação” para que sejamos capazes de criar novas rotas, rever planejamentos, avaliar nossas ações e tomar decisões a partir dos seus resultados.
Uma sociedade preparada para o aprendizado percebe o aparente caos como uma oportunidade e não como um obstáculo intransponível. A pandemia está aí para provar que nada é permanente e que estamos em constante transformação, motivada às vezes, por fatores alheios à nossa vontade.
Reinventamos as relações humanas, os hábitos de higiene, as formas de lazer, de empreender, de estudar, de ensinar… Mas será que aprendemos a nos preparar para as incertezas da vida? E se depois desta, vierem outras intempéries? Levaremos um tempo para nos reerguermos da queda ou teremos adquirido a habilidade de cair de pé?
A reflexão que estas perguntas incitam e as possíveis respostas que produzem, são um ótimo começo para o processo de transformação e inquietação que pretendo gerar com este texto e com os que virão. Dito isso, é chegado o momento de deixá-los a sós consigo mesmos para que possam pensar sobre o que é ainda é necessário aprender para o momento, já que o aprendizado nunca termina.
Que seja o início de um novo tempo: de relações, práticas e saberes reconstruídos!
Por: Julia Carvalhães
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